segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Saúde Financeira.

Todos acompanham diariamente nos telejornais, revistas, jornais impressos ou virtuais que o mundo está vivendo uma crise econômica que passa longe de ser uma “marolinha”. Dólar e euro oscilando constantemente, taxas de juros subindo, e o poder de compra do brasileiro cada vez menor.
É freqüente a reclamação das pessoas frente ao aumento dos produtos nos supermercados, restaurantes, lojas, entretenimento, entre outros. Apesar disso, o que presenciamos nas lojas e shoppings centers são crianças, jovens, adultos e idosos, comprando e “precisando” muito de muitas coisas: “não posso pensar em viver sem isso”; “eu preciso de um brinquedinho novo”; “nossa, faz uma semana que não compro uma roupinha nova...”; “tá tão barato que não posso perder essa oportunidade”.



Parece haver uma contradição no comportamento adotado pelas pessoas e o momento econômico que vivemos. Este tema tem sido freqüente no consultório de psicologia. Mas você deve estar se perguntando: que relação existe entre psicologia e finanças?
O objetivo aqui não é o de fazer uma análise econômica da situação do Brasil e do mundo, esta é uma atribuição dos economistas. Nem tão pouco se pretende nesse espaço reservado a discussões da psicologia propor planilhas, tabelas e organizações financeiras para nossos leitores, cada um deve encontrar a sua melhor forma de se organizar, não é mesmo? Tem os que anotam as balas e os chicletes que compraram no dia, e tem aqueles que preferem queimar as correspondências de cobrança para simplesmente fingir que elas não existem. Como chegar ao equilíbrio?
Joanna Moura é uma jovem publicitária que se propôs passar um ano sem comprar roupas e acessórios, e além desse feito resolveu compartilhar sua experiência com outras pessoas, criando um blog - www.umanosemzara.com.br. Resolveu fazer isso, pois percebeu que grande parte do seu salário acabava gastando em roupas, sapatos, bolsas e acessórios, não conseguindo assim economizar nada no fim do mês. Com essa atitude ela está aprendendo a re-inventar o seu próprio guarda-roupa, a manter sua vida financeira mais equilibrada e tem conseguido guardar dinheiro para fazer uma longa viagem. Foi a forma que ela encontrou de começar a economizar e não ceder aos apelos comerciais das lojas femininas.
Ninguém precisa sair fazendo o mesmo, pois as decisões que tomamos precisam ter coerência com a vida que levamos, não é mesmo? O interessante e importante, é fazermos uma análise de como gastamos nosso dinheiro, e se essa forma condiz com as expectativas que temos para a vida nesse momento ou no futuro. Se o seu sonho é ter sua casa própria, seu carro ou mesmo fazer uma viagem, de que forma você anda contribuindo para que ele se realize?
O que vale mais à pena: ceder à tentação de um celular de última geração, uma camisa ou relógio de marca, ou manter-se com o aparelho que tens, e economizar para a realização de um sonho, ou mesmo para manter-se tranqüilo e sem dívidas?
Vivemos em um mudo onde as relações predominantes são as virtuais, onde a aparência tem grande importância para a sociedade, e onde as pessoas acabam se relacionando com as coisas, com o ter em detrimento do ser, gerando uma constante insatisfação e necessidade de mais.
Ora, se a sociedade passou a se relacionar através de redes sociais, se a cada dia que passa as pessoas se propõem menos a estarem em relação umas com as outras (falamos sobre isso em outra postagem), e a quantidade de amigos e comentários que tens vale muito para que sejas “alguém” com ibope e para que não se sinta sozinho, então o que vale mais é o que eu mostro, e não necessariamente o que, ou quem eu sou. Esse sentimento acaba reforçando a necessidade de compra, que muitas vezes acaba levando a dívidas e a uma vida financeira desequilibrada.
É importante mencionar também que esse é o modelo de relação que a sociedade vem ensinando às crianças, que sofrem toda vez que vão ao shopping, supermercados ou lojas e não ganham nada novo. Nas escolas e nos consultórios de psicologia é comum ouvir dos pais ou responsáveis que se a criança se comporta para cortar o cabelo, por exemplo, pode escolher um brinquedo. Como se ela tivesse a opção de não cortar o cabelo e não se comportar nesse momento, não é mesmo?
O fato é que a forma que regemos nossa vida financeira é bastante reveladora no que se refere ao modo com que regemos nossa vida, e as prioridades e planejamentos que temos, ou não. O fato é que precisamos construir uma vida sustentável para cuidar de nosso planeta e do futuro de nossas gerações, portanto precisamos começar por nós, e o mais rápido possível.

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