Redes Sociais e Relações Virtuais

As redes sociais digitais vêm ocupando um espaço crescente na vida moderna. As pessoas gastam cada vez mais tempo comentando suas impressões sobre algo no twitter, relacionando-se através do facebook ou publicando vídeos com suas ideias no youtube. Conversam ao vivo via skype ou teclam via msn, por meio de computadores, telefones celulares ou tablets. A comunicação se tornou rápida, fácil e sem precisar sair de casa.

Em contrapartida, uma das questões mais comuns em consultórios de psicologia é a dificuldade de se relacionar, de encontrar amigos ou namorados. As pessoas estão se sentindo sós, mesmo com todo este aparato tecnológico. Esta solidão parece estar ligada a fatores diversos como o medo de se expor, a dificuldade de aprofundar laços, a intolerância a diferenças, além de exigências, preferências, rotinas atribuladas, entre outros.

Para o Psicodrama – linha de pensamento e de atuação da psicologia que tem como base a dramatização – o homem só é alguém se está em relação com alguém. É a partir de um relacionamento que o indivíduo vai constituir sua identidade. É nessa relação com outra pessoa que os papeis sociais se estabelecem e dão forma a esse indivíduo. Por exemplo: só existe o papel de filho a partir da relação com a mãe, só existe o aluno se existe a relação com o professor ou só existe o amigo para o outro amigo.

Parece complexo pensar assim, porém é desta forma que o homem se coloca no mundo. É em relação ao outro que é possível se perceber e se posicionar. A partir de um grupo de relacionamentos, valendo-se dos inúmeros papeis e compartilhando experiências e vivências, é que é possível aprender sobre si e sobre o ambiente social em que se vive.

E considerando a crescente presença das redes sociais (e virtuais) na vida das pessoas, ainda é possível viver ou sentir a solidão?

A comunicação digital é muito importante e quem não adere fica parado no tempo. Quem não usa essas redes sociais não fica sabendo das novidades, não acompanha os assuntos mais comentados e fica pra trás sobre o que os amigos estão discutindo. Mas a resposta pra pergunta acima é: sim, é possível ser só, mesmo com a comunicação sendo cada dia mais estimulada pelas novas tecnologias.

Parece que junto com evolução tecnológica veio também a falta de tempo pra compartilhar, trocar, aprofundar o olhar sobre o outro. As mensagens curtas via celular, o twitter e seus 140 caracteres, enfim, essas plataformas têm determinado a velocidade com que devemos nos comunicar e nos relacionar com o mundo. Falar e escutar são atos cada vez mais distantes desse novo jeito de se relacionar – talvez porque tomem muito tempo.

Vivemos um momento em que é preciso estimular o convívio social real, ao vivo e em cores. As relações pessoais tornam o indivíduo mais completo, com seus vários papeis a desempenhar e com maior conhecimento de si próprio. A pessoa solitária se perde de si, não tem a possibilidade de se desenvolver e se apropriar de novos papeis sociais.

O olho no olho, o aperto de mão, o bate papo, os encontros de turma, enfim, as relações reais podem e devem continuar complementando as experiências virtuais. As máquinas não podem substituir as primitivas formas de se relacionar, de fazer amigos ou de encontrar um amor. Sair de casa pra ir ao shopping, ao barzinho ou ao parque, além de muito prazeroso, aumenta consideravelmente as chances de conhecer pessoas novas e deixar a solidão pra trás.